São 11 horas da manhã no destorcido fuso-horário do Acre. A camionete, carregada de 9 gentes, muitas sacolas, um botijão de gás, compras da mais diversas que iam de batedeira, panelas, gasolina, bolachas e doces. Das 9 gentes, cinco são os privilegiados com o ar condicionado. Os demais assumem as rédeas da indomável fera traçada, ainda com a missão de não deixar “voar” nenhuma das compras. O sol era forte! A fome já ia apertando e a água já estava quente. A viagem estava somente no começo. O Caeté estava baixo para a época do ano. “Os rios da Amazônia começaram a secar”, afirmou alguém. O ramal ainda não estava aberto, não estava seco o suficiente para o trafego de veículos, e a carona na hilux era essencial para a chegada em Cazumbá.
Ela segue até o Aristides, onde desembarcamos e seguimos a pé por dentro da mata até a margem do rio. Pouco antes de chegarmos ao destino final, a nossa camionete traçada se depara com um atoleiro, e ali mesmo fica abraçada no barro vermelho e grudento. A minha sorte de iniciante permitiu que atolássemos ao lado de uma retoescavadeira. Os quatro homens que estavam em cima apoiaram de toda forma, mas foi a gigante máquina que nos arremeçou para fora da lama. A estrada estava esburacada e cheia de novos atoleiros que a traçado rompia com velocidade. A carga de gente e coisas se defendia da maneira que dava, a mesma sorte não tiveram todas as compras, que com o sacolejar deslocavam-se de um lado para o outro em constante impacto.
O barco de rabeta já nos aguardava, com mais dois tripulantes. Seguimos em 11 gentes por caminhos nunca dantes nagevados por mim. A água do Caeté era tão pouca que em muitas partes tivemos que descer para que o barco fosse arrastado pelos fortes jovens. O sol era forte! E a água de beber já estava pronta para preparação de um chá. Depois de duas horas a paisagem já era toda igual. O sol era forte! Haviam tocos de árvores impedindo a passagem para pequena embarcação e novamente tivemos que descer para os jovens fortes e sorridentes empurrarem o barco e todas as compras nele contida. Tudo tinha que chegar inteiro. Crianças estavam a espera de novidades, mulheres aguardando as encomendas..Afinal, não é sempre que se tem o privilegio de poder comprar sem ir a cidade.
Com 3 horas e meia de rio chegamos a margem de Cazumbá, a Reserva Extrativista. Desembarcamos e seguimos mais 4 km dentro da floresta e logo a vila apareceu! O sol era forte! E os mosquitos começaram a se mostrar.
Ao chegar na casa do anfitriões que conduziram toda a viagem as crianças estavam lá, aguardando algo de novo. Eram duas, um menino de 3 anos e uma menina de 1 ano e meio. O Danone chega quente! Sujo de lama, amassado, e alguns ainda se encontravam furados, mas igual conseguem fazer a festa de quem nem imagina que próximo Danone talvez nem chegue, e se chegar é muito provável que não esteja melhores condições.
E eu sigo observando e já me preparando para fazer o mesmo caminho de volta, e se estiver com vontade, comprar um Danone geladinho em Rio Branco.
É linda, triste, trágica e cômica ao mesmo tempo a saga do danoninho!!!! Poxa vida, como algo tão simples, pode ser tão dificil em certas regiões do nosso Brasilzão!!!!!
ResponderExcluirA partir de agora, olharei para a prateleira de danoninho no mercado e me lembrarei deles agarrados ao seu danoninho quente e sujo.....