Uma cosmovisão é uma maneira de ver o universo, de apreender a realidade.
Para Gregori (1988:18), cosmovisão trata-se de um “produto do relacionamento explicativo do encéfalo individual ou coletivo com o meio ambiente, [a realidade objetiva] ao longo de um processo que tem, no começo, algumas imagens e conceitos descobridores e classificadores que, depois, se ordenam gerando explicações e teorias; no fim, tornam-se crenças e critérios de certo e errado e chave para previsões”.
A interação do encéfalo individual ou coletivo com a realidade objetiva gera o relacionamento explicativo, onde o dono do encéfalo explica a realidade objetivo e esta o encefálico. No final o processo, aquelas primeiras elaborações teóricas, tornam-se crenças e critérios comportamentais e referências de previsibilidade. Conhecida também como cosmovisão-produto, isto é: como ciências, modelo social, filosofia de vida, ideologias e paradigmas.
Para uma cosmovisão ser considerada completa ela deve conter basicamente os seguintes elementos:
- cosmogonia: explicação sobre a origem e o funcionamento do universo;
- dinâmicas das potencialidades evolutivas: sobre a circulação de energia, das leis naturais e da constituição dos três reinos (mineral, vegetal e animal);
-ontologia: sobre a origem e natureza do ser em um sentido amplo do termo;
- ontogênese: sobre o papel e o lugar a ser ocupado pelo ser humano, no conjunto das forças universais;
- filogênese: sentido de pertença a uma tribo, uma etnia e/ou nação;
- gnosiologia: sobre o processo de desenvolvimento do conhecimento humano;
- dinâmica de grupo: organização social, atribuição de poderes e administração de regras legais;
- dinâmicas prestusuária: mecanismo de provimento, acesso aos recursos produzidos por meio do trabalho, da tecnologia e da guerra;
- utopia: sobre as esperanças em relação ao futuro temporal.
De toda maneira, houveram etapas constituintes de uma cosmovisão:
1. cosmovisão instrumento aristotélica tem suas fontes na Grécia, no Egito e na Persia; e, como cosmovisão produto resultou o mundo helenista;
2. cosmovisão instrumento de Moisés, de influencia egpicia e mesopotâmica, e como cosmovisão produto resultou o judaísmo;
3. cosmovisão instrumento do cristianismo-paulino, resulta a doutrina de Jesus de Nazaré e a cultura Greco-romana. Essa vertente da cosmovisão resulta em duas correntes: igreja ortodoxa; e, igreja católica apostólica romana consolidando-se como igreja oficial do império Romano.
4. cosmovisão instrumento do islamismo, resultou nas religiões dos beduínos dos desertos da Arábia
Gregori classifica as cosmovisões em três paradigmas: monádicas; diádicas; triádicas.
A cosmovisão produto da modernidade ocidental é monádica: “trabalha com o principio da causa e efeito. Parte do pressuposto de que só e possível, na atualidade, uma sociedade de mercado, democrático-liberal, e qualquer alternativa a esta é considerada ineficiente ou perigosa à ordem social. São oriundas desse tipo de cosmovisão idéias como monoteísmo, monogamia, monarquia, alopatia, monopólio, monocultura, racismo, machismo, nacionalismo, verdade única, exclusividade, privilégios, primazia, etc ” (19). Como resultado do paradigma monádico temos a sociedade atual.
A cosmovisão diádica: enquanto no paradigma monádico existe uma única verdade, um só princípio, no diádico a negação é a causa primeira, e nesse paradigma dois princípios que entram em contradição não se excluem, mas da contradição há uma complementação recíproca, de modo que: tese e antítese gerem uma síntese. O mais importante, então, não é a contradição pela contradição, mas a transformação gerada pelo movimento.
A cosmovisão triádica é complexa demais!
Portanto, no caso da cosmovisão atual ser a monádica, onde prevalece uma única verdade, no caso, as verdades relacionadas aos “monos”, verdades outras ficam enfraquecidas e no contexto da realidade objetiva.
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